Inteligência artificial em hospitais: conheça o robô Laura: O conceito de inteligência artificial trata de soluções que replicam a inteligência humana, aperfeiçoando-a por meio de cálculos mais ágeis e respostas mais assertivas, sobrepondo-se às limitações dos seres humanos. A IA (ou AI, na sigla em inglês) tem sido utilizada em inúmeros segmentos, para agilizar desde processos industriais a tomadas de decisões na área da saúde.
Assim, o segmento da saúde é um dos mais beneficiados pelo uso da inteligência artificial, auxiliando os seres humanos a tomarem decisões muito mais precisas, eficazes e, principalmente, embasadas em dados confiáveis. Esse é exatamente o caso do robô Laura, desenvolvido a partir de uma dor pessoal de seu criador e que tem auxiliado a salvar muitas vidas em hospitais de todo o Brasil, monitorando pacientes críticos por meio da inteligência artificial e permitindo uma melhor abordagem de procedimentos nesses pacientes.
O início da startup Laura
Jacson Fressato, o precursor dessa história, é um empreendedor autônomo, que vive em busca de soluções que agreguem valor à vida das pessoas, sejam elas em quaisquer segmentos. Quando sua filha Laura faleceu aos 18 dias de vida, por conta de uma sepse, após complicações decorrentes de um quadro denominado “diástole reversa”, que também a fez nascer extremamente prematura, ele percebeu uma grande necessidade dentro dos hospitais.
De acordo com Fressato, a infraestrutura desses estabelecimentos, além de questões inerentes aos seres humanos, não conseguia dar conta de monitorar pacientes críticos da forma devida. “Eu entendi que, por mais que os profissionais de saúde recebam capacitações extremas e consigam prever problemas que podem surgir nos pacientes, eles possuem limitações, como todo ser humano”, explica o empreendedor.
Dessa forma, ele vislumbrou uma necessidade de aprimorar a tecnologia relacionada ao cuidado dos pacientes, que pudesse monitorá-los e fornecer dados aos profissionais tanto da área técnica, como os enfermeiros, quanto especialistas, como médicos. Foi assim que nasceu a ideia do robô Laura.
Como atua a inteligência artificial do robô Laura
O robô foi desenvolvido sob o conceito de Machine Learning, tendo como principal objetivo calcular o risco de cada paciente e fazer com que os profissionais atendam mais prontamente os que mais necessitam de atenção. Ou seja, de acordo com o risco, cria-se uma “fila de atendimento” em um dashboard, calculando os parâmetros de cada paciente para que as condutas relacionadas a eles sejam as mais precoces possíveis.
Em resumo, o robô funciona da seguinte maneira (tanto para pacientes na UTI quanto ambulatoriais):
- Monitores coletam dados dos pacientes.
- A IA compara esses dados com padrões do sistema, que leva em conta protocolos de risco já conhecidos ou customizados pelos hospitais.
- O robô dispara alarmes e notificações de acordo com o grau de risco dos pacientes.
- A equipe multidisciplinar realiza os processos adequados para cada paciente, na ordem definida pela IA (do maior ao menor risco).
O robô Laura está plugado dentro do próprio sistema dos hospitais, a não ser quando o hospital não atua com prontuário eletrônico, caso no qual é criado um aplicativo separado. Enquanto alguns hospitais trabalham com o robô nos computadores das enfermarias, outros atuam com a solução em uma central de atendimento e outros, ainda, via tablets nas mãos dos profissionais técnicos, o que torna a tecnologia ainda mais acessível e os procedimentos mais ágeis.
Resultados da utilização da inteligência artificial em hospitais
O robô Laura já está atuando em inúmeros hospitais brasileiros, como o A.C. Camargo Câncer Center, o grupo de hospitais LeForte, a Santa Casa de Porto Alegre, o Hospital Nossa Senhora das Graças e o Erasto Gaertner, ambos em Curitiba, entre muitas outras instituições. Além disso, a startup Laura conta com o subsídio de empresas farmacêuticas como a Pfizer e a Eurofarma para implantação do robô em hospitais.
A empresa já recebeu inúmeros prêmios, como o Innovation & Tech Day Câmara de Comércio França – Brasil, Prêmio Empreenda Saúde, Desafio Pfizer, Hospital Innovation Show e Digital Healthcare Award Brazil & Latin America, entre muitos outros.
Alguns dos maiores resultados conquistados pela Laura são:
- Melhoria de até 85% nos processos operacionais dos hospitais.
- Melhor controle da gestão de risco.
- Maior participação dos médicos na gestão do cuidado do paciente, em vez de somente atuar na gestão da crise.
- Redução da mortalidade geral em 25%.
- Média de redução de 7 horas no tempo de internação dos pacientes.
- Economia e maior lucratividade para os hospitais.
Desafios da utilização da IA em hospitais
Segundo Jacson Fressato, a familiaridade dos profissionais de saúde com a inteligência artificial vem crescendo de forma orgânica, mas ainda é preciso adaptar a cultura dos hospitais para a adoção não somente da IA, mas de outras tecnologias disruptivas. É preciso que os administradores vislumbrem os benefícios econômicos e competitivos da adoção dessas inovações, e que os profissionais de saúde percebam os seus benefícios diretos no dia a dia de seu trabalho.
“O que eu tenho visto muito é o ceticismo dos profissionais com relação a essas tecnologias. Muitos acreditam que a equipe não está preparada para lidar com essas ferramentas, mas isso também vem mudando de forma orgânica”, acredita Fressato.
Ele também sustenta que a democratização dessas tecnologias seja muito importante para que elas alcancem não somente os hospitais mais elitizados, mas também os que contam com poucos recursos. E isso deve acontecer pela forma de patrocínios e subsídios, tanto de empresas privadas quanto partindo da esfera pública.
O maior ganho da implantação do robô Laura nos hospitais é, sem dúvida, evitar mortes, priorizando cuidados com os pacientes mais críticos. É a tecnologia atuando em prol da vida humana, de uma forma prática e dinâmica.
Se você quiser ouvir o nosso podcast completo com o CEO da Laura, Jacson Fressato, e saber mais sobre essa importante inovação, clique no aqui.
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