Escolha uma Página

Medicina digital: como se desenha o futuro da saúde?

Por Augusto Gaidukas

Head de Conteúdo Científico no Saúde Digital. Estuda medicina e quer transfomá-la através do conhecimento e da tecnologia.

Medicina digital: como se desenha o futuro da saúde? A pandemia do novo coronavírus foi disruptiva em muitos setores, como na indústria, prestação de serviços, mercado de trabalho e, obviamente, na medicina. Nesta, a pandemia – e seus isolamentos, e seus lockdowns, e seus home-offices – não apenas precipitou, mas acelerou mudanças que já estavam próximas, mas que ainda não tinham a aceitabilidade ou infraestrutura para serem implementadas. 

O presencial (em contraponto ao virtual) não deixou de existir, mas ele definitivamente passa a dividir espaços com algo que sempre coexistiu: o digital. E o exemplo máximo disso é a telemedicina. 

Polêmica, a telemedicina existe no Brasil desde 2002, de acordo com a Resolução CFM nº 1.643 do mesmo ano: o exercício da Medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde, o que, em teoria, incluiria teleconsultas. A pandemia acelerou algo que já estava em curso, que eram as teleconsultas, as quais foram consolidadas com a necessidade de distanciamento e impossibilidade de muitas pessoas  — especialmente grupos de risco — de saírem de casa. 

Essas transformações digitais não significaram meramente trocar a caneta pela máquina de escrever, mas, para traçarmos um paralelo fiel, um computador sem internet a um conectado a rede. Com o desenvolvimento de linhas de códigos cada vez mais precisas e completas, uma sólida ciência de dados e altíssima capacidade instrumental de nossos equipamentos diagnósticos e terapêuticos, a medicina dos anos 2021 não aposentou os estetoscópios, mas deu sensores e microchips a eles. 

Tchau, 0800: a medicina digital chegou

Hoje, ninguém além de um saudosista desejaria ir até uma locadora, alugar uma mídia física e levar para casa e assistir. Evitando gastos com combustível, segurança de trajeto e mesmo o risco de danificar o DVD-ROM e ter que compensar a locadora por isso, serviços de streaming como a Amazon Prime e o Netflix permitem ao usuário ter acesso a milhões de produções audiovisuais sem sair de casa e a um custo fixo. 

Agora, troque “locadora” por clínica e “mídia física” por consulta. E se fosse possível que o seu paciente, ao invés de perder horas preciosas do seu dia — e ocupasse uma sala de espera em seu consultório, com custos de aluguel, energia elétrica, manutenção e pessoal — pudesse marcar um apontamento com você sem sair de casa?

Um grande exemplo de uma empresa médica nativa digital é a SAMI – um plano de saúde 100% digital. Fundada pelo médico da Unifesp Vitor Asseituno, a Sami veio com a proposta de oferecer uma medicina on-demand, de forma que o paciente seja assistido medicamente 24h pelo plano — afinal, saúde se cuida o tempo todo, e não apenas parte dele. 

 

“A inteligência artificial não vai substituir o médico; mas os médicos que usam inteligência artificial irão substituir os que não usam”

 

Em vez de aumentar mensalidades e oferecer uma assistência pior ao paciente em virtude das inovações cada vez mais dispendiosas em saúde, a Sami inverte a lógica: oferecendo grande densidade tecnológica logo na ponta, ela economiza custos dentro da cadeia de saúde, sem deixar a desejar ao paciente: telessaúde 24h, medicina preventiva dentro do plano e inovação para facilitar e não complicar.

Outras modalidades de medicina digital incluem:

  • Telepneumologia: realização de estudos espirométricos e broncoscópicos à distância, com expertise remota de médico pneumologista;
  • Telerradiologia: utilização de algoritmos de inteligência artificial para reconhecimento de padrões e alterações de exames de imagem, também podendo ser ratificados por médico radiologista remotamente;
  • Cardiologia digital: coleta de holter 24h via aplicativo para smartwatch, bem como controle e ajuste remoto de marca-passo;
  • Neurologia e neurofisiologia: realização de eletroencefalogramas e polissonografias domésticas, laudadas por médico neurologista ou otorrinolaringologista também sem necessidade de deslocamento. 

O concierge da medicina de família

Recebendo crescente importância desde a criação do SUS, em 1988, a Medicina de Família e Comunidade é um dos pilares do Sistema Único de Saúde brasileiro e porta de entrada através da Atenção Primária em Saúde. Sabidamente, o médico de família é resolutivo e sua atuação significa redução de custos na outra ponta, poupando as atenções secundárias e terciárias do desgaste tecnológico e diagnóstico, que em 90% dos casos pode ser resolvido ou referenciado em nível primário. 

Isso é algo que a medicina privada — e, em particular, os planos de saúde — demoraram para contemplar, mas isto chegou ao fim. Alguns planos de saúde já oferecem preferencialmente um médico de família a seus usuários, e este será o “clínico” daquele paciente, oferecendo o cuidado continuado e longitudinal que, muitas vezes, um cardiologista ou neurologista não podem oferecer — por estarem dentro de uma UTI ou cuidando de casos complexos. 

Desenham-se enormes oportunidades para médicos de família e comunidade na iniciativa privada, e estas só tendem a crescer com a nova lógica da assistência médica, que inclui bem-estar e promoção em saúde: muito mais lógicas do que abandonar um usuário pagante e só lembrar dele na hora de glosar uma conta de dezenas de milhares de reais de uma internação hospitalar.

Não obstante, a Medicina de Família é uma das que mais se beneficiam de telemedicina e medicina digital pela longitudinalidade do cuidado, complexidade diagnóstica e densidade tecnológica. 

Oferecendo qualidade através do valor

São muitos os soft skills que diferenciam o médico do presente do médico do futuro, mas, médico, não se assuste. O meio digital veio para ficar, e isso não é ruim. Gradativamente, essas mudanças serão sentidas desde o hospital no qual você passa visita que troca um prontuário físico pelo eletrônico até o seu sobrinho que tem um soprinho no coração e que terá o ritmo cardíaco monitorado via smartwatch. 

Antes, os médicos atualizavam-se em congressos e com visitas de consultores farmacêuticos. Hoje, os médicos podem atualizar-se sem sair de casa, em cursos de educação continuada, congressos online, cursos de extensão e até em hackathons.

Você não precisa aprender linguagem computacional ou engenharia biomédica para manter-se vivo nesse meio. Pelo contrário: é do interesse do seu empregador e do seu paciente que você se atualize e ofereça sempre a melhor medicina possível no estado da arte da tecnologia e do conhecimento. Para tanto, existem canais gratuitos de educação e inovação, como o Saúde Digital, no qual você permanece sempre conectado com o meio Hi-Tech de forma humanizada. 

Como eu ouvi de um grande mestre uma vez, os médicos devem sempre ter visão estratégica, e não apenas operacional: entender processos e oferecer soluções criativas para problemas complexos é o que diferencia o médico sacerdote do médico empreendedor. 

Você já ouviu o podcast com a Sami, o plano de saúde digital? Clique aqui e confira!! 

Participe do Saúde Digital

Deixe-nos saber o que você achou deste artigo! Você tem alguma dica para dar para o Saúde Digital? Quer sugerir um tema? Sua participação é muito importante! Clique aqui para falar conosco.

Você pode falar também diretamente com o host Lorenzo Tomé pelo Instagram, Linkedln ou Telegram no @lorenzotome.

Conheça o SDConecta!Lá tem mais assuntos como este e uma comunidade de inovadores da saúde para conectar com você. Clique aqui para acessar!