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Tecnologia e medicina: da análise de imagens às ações emergenciais pela Covid-19

Em tempos de guerra a humanidade se transforma. E a luta contra a Covid-19 tem feito com que as pessoas reflitam e também criem tecnologias para auxiliar durante essa etapa e que se tornarão imprescindíveis no futuro. O professor Oge Marques, brasileiro que atua na Florida Atlantic University, nos Estados, sabe muito bem disso. Ele atua há muito tempo com pesquisas na área de tecnologia e medicina, principalmente com inteligência artificial. Hoje o foco do pesquisador é em radiologia, ajudando os profissionais a realizar melhor o seu trabalho.

O professor tem atuado com análise de diferentes tipos de imagens, como classificação de tuberculoses, análises de lesões da pele, principalmente na detecção de melanomas, atuando muito próximo a radiologistas para auxiliar na melhoria de softwares relacionados à análise de imagens na área médica.

Tecnologia e medicina e a necessidade de unir as áreas técnica e humana

Segundo ele, no início do surgimento dessas tecnologias, utilizando conceitos como inteligência artificial, machine learning e deep learning, existia um receio entre os profissionais da radiologia de se tornarem obsoletos. Algum tempo depois, no entanto, esses profissionais se tornaram promotores dessa mudança, abraçando a causa e inclusive se tornando pioneiros no uso de tecnologias e abrindo caminho para essa aliança em outras áreas médicas. 

No entanto, para Marques, há uma necessidade de se adequar melhor esses sistemas ao dia a dia dos profissionais, de acordo com seu workflow, linguagem e outros quesitos, aliando a área técnica à parte humana da medicina, em qualquer segmento.

A inteligência artificial, portanto, é para o professor uma grande inovação que está despontando na relação tecnologia e medicina. Ela pode auxiliar o ser humano desde a sua fase embrionária. E é importante também que os sistemas estejam preparados para todas as etapas dos processos, desde a realização até a comunicação dos resultados dos exames, para que reflitam realmente a realidade com clareza.

A importância do protagonismo médico

Muitas vezes, a sensação que um médico tem é que a inovação está sendo “empurrada” para ele, ou seja, ele não teve participação no desenvolvimento dessas tecnologias, e muitas vezes essas tecnologias não são necessárias para eles. É por isso que, nas equipes multidisciplinares para o desenvolvimento de um software, por exemplo, é preciso que haja o protagonismo de um médico.

Dessa forma, ele consegue definir o que realmente é necessário em uma tecnologia e o que não fará diferença no seu dia a dia – muitos desenvolvedores de algoritmo acabam perdendo muito tempo desenvolvendo funcionalidades que não agregarão valor à vida do médico, exatamente pela falta desse protagonismo do profissional nos projetos.

Marques diz que tanto no Brasil como nos Estados Unidos, a percepção dos médicos dessas tecnologias é muitas vezes negativa. Em geral, esses profissionais acreditam que os sistemas “impostos” a eles são, em grande parte, desnecessariamente complexos. E é por isso que hoje a tendência é que os médicos realmente protagonizem os projetos tecnológicos. 

Covid 19: tecnologia e medicina atuando em prol de uma causa

Como abordamos no início deste texto, tempos sinuosos levam à inovação. Um exemplo disso foi o desenvolvimento do Tele Covid, uma plataforma de auxílio tanto aos pacientes como aos profissionais da saúde na pandemia, elaborada pela W3.Care,  startup para atendimento de pacientes com infarto agudo do miocárdio.

Jamil Cade, CEO da startup, focou no desenvolvimento da ferramenta Tele Covid. Trata-se de um aplicativo que pode ser baixado no Google Play, no qual as pessoas colocam os sintomas que estão sentindo (de forma anônima). O sistema calcula assim a criticidade do estado do paciente. Quando é um paciente de baixo risco, ele é monitorado pela própria plataforma. Já os que possuem maior risco são direcionados para uma consulta online, também de forma anônima, com um médico. Todo o trabalho é realizado de forma voluntária. Dessa forma, conseguiu-se reduzir em mais de 95% a procura desses pacientes aos prontos-socorros, reduzindo assim a contaminação.

Voltando à abordagem de Oge Marques, relacionada à inteligência artificial unindo tecnologia e medicina, hoje, com a pandemia, é difícil dizer onde essa ferramenta se encaixa, já que não basta mover um algoritmo para salvar a situação. 

No entanto, algumas áreas podem ser apoiadas pela inteligência artificial nessa situação, como, no caso da radiologia, o uso de plataformas já existentes para a pesquisa de imagens de casos reais de pacientes diagnosticados com coronavírus. Isso pode ajudar na pesquisa sobre o vírus, indicando até uma possível cura, vacinas, correlacionar padrões, fazer conexões entre determinadas demografias, etc.

Outra área em que a inteligência artificial alia tecnologia e medicina no combate ao coronavírus é na questão da comunicação, segundo Marques. Um exemplo disso são chatbots, ou seja, robôs que “conversam com humanos” e que podem realizar processos de rastreamento de sintomas e de aconselhamento de medidas tanto preventivas como de acompanhamento da doença. 

Marques finaliza pontuando que nunca houve uma pandemia como essa atual, inclusive com a tecnologia e a conectividade que temos hoje, e isso produz tanto efeitos bastante positivos, como a disseminação de sintomas e medidas preventivas, como negativos, como fake news que destacam medicamentos sem comprovação, dados errados e outras informações que prejudicam o controle da situação.

Quer saber mais sobre tecnologia e medicina? Acesse o episódio “Inteligência Artificial e Covid-19” do podcast do Saúde Digital, no Spotify.. Para mais episódios, acesse o canal Saúde Digital.

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