Equidade é um conceito fundamental na medicina, referindo-se ao ideal de acesso justo aos serviços de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) a descreve como a ausência de diferenças evitáveis ou corrigíveis na saúde entre diferentes grupos.
Ela envolve a distribuição justa e igual de recursos e cuidados de saúde, independentemente de fatores como renda, raça, gênero, localização geográfica e qualquer outra característica social ou pessoal.
Nesse sentido, equidade em saúde não deve ser confundida com igualdade. Enquanto a igualdade se preocupa em garantir que todos recebam o mesmo nível de cuidados e serviços de saúde, a equidade reconhece que diferentes pessoas têm diferentes necessidades de saúde. Portanto, exigem diferentes tipos e níveis de cuidados.
Além disso, existe uma barreira invisível para a equidade em saúde: a falta de acesso do médico à atualização de qualidade. Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe!
Panorama da equidade no Brasil
O Índice de Desigualdades Sociais em Saúde na Covid-19 (IDS-Covid-19) destaca as disparidades exacerbadas pela pandemia. Ele se baseia se em dados socioeconômicos, sociodemográficos e de acesso à saúde, considerando variáveis como densidade domiciliar, pobreza entre idosos e a proporção de pessoas pretas, pardas e indígenas. Esses fatores podem indicar a presença de barreiras de acesso.
O índice enquadrou a população em grupos de acordo com o nível de equidade. Antes da Covid-19, 98% dos municípios na Região Norte estavam nos dois piores grupos de desigualdade. Após a primeira onda da pandemia, apenas 3% desses municípios conseguiram melhorar essas condições. Na Região Sul, cerca 8% dos municípios registraram reduções das desigualdades.
Na Região Centro-Oeste, houve uma distribuição variada em termos de níveis de desigualdade. Porém, 76% dos municípios nos dois piores grupos mantiveram suas situações entre fevereiro de 2020 e janeiro de 2022.
Na Região Sudeste, a distribuição dos municípios por níveis de desigualdade tendeu a ser mais equilibrada. No início da pandemia, 50% dos municípios de Minas Gerais estavam nos dois piores grupos, enquanto em São Paulo, 41% dos municípios estavam nos grupos com menor nível de desigualdade
A Região Sul mostrou uma ligeira redução das desigualdades de acordo com o IDS-Covid-19. Nenhum dos 1.188 municípios analisados estava no pior grupo antes da pandemia, e 196 deles conseguiram reduzir as desigualdades até janeiro de 2022. No entanto, 65 dos 84 municípios que estavam entre os mais desiguais no início da pandemia mantiveram essa condição.
LEIA TAMBÉM:
HEALTHTECHS: PASSADO, PRESETE E FUTURO
FIM DA PANDEMIA? SERÁ QUE É ISSO MESMO?
O FUTURO DA PEDIATRIA, ENDOCRINOLOGIA, CIRURGIA TORÁCICA E MASTOLOGIA
Como promover a equidade nos serviços de saúde?
Promover a equidade em saúde pode envolver uma série de estratégias, incluindo:
- a melhoria do acesso aos cuidados de saúde;
- a implementação de políticas de saúde pública que abordam as necessidades de saúde específicas de diferentes grupos;
- a promoção de uma maior diversidade na força de trabalho de saúde.
A saúde digital tem o potencial de promover mais equidade na medicina de várias maneiras. No entanto, é importante notar que o acesso à saúde digital também pode ser desigual, com barreiras, como:
- a falta de acesso à Internet de alta velocidade,
- falta de habilidades digitais
- falta de recursos para adquirir tecnologia.
Isso pode impedir alguns grupos de aproveitar os benefícios da saúde digital. Portanto, os esforços para promover a equidade na saúde digital também devem incluir estratégias para superar essas barreiras.
A seguir, explicaremos como a digitalização da saúde pode fomentar a equidade e quais cuidados devem ser tomados para evitar que ela se torne uma ferramenta de exclusão.
Acessibilidade dos serviços por meio da telemedicina
A telemedicina e a saúde móvel (mHealth) podem ampliar o acesso a serviços de saúde, especialmente para populações em áreas rurais ou carentes, onde a disponibilidade de profissionais de saúde pode ser limitada. Isso pode acontecer por meio de estratégicas, como consultas virtuais, monitoramento remoto de pacientes e aplicativos de saúde.
Mesmo pacientes sem acesso a internet podem se beneficiar dessas tendências. Afinal, um dos grandes gargalos da saúde brasileira é a concentração de especialistas nos centros urbanos. Consultas especializadas podem ser realizadas à distância, e o paciente poderá ir à sua unidade de saúde para a tele consulta.
Informação e educação
A saúde digital pode facilitar o acesso a informações de saúde precisas e confiáveis, promovendo a alfabetização em saúde e capacitando os indivíduos a tomar decisões informadas sobre seu próprio cuidado.
Personalização do cuidado
Tecnologias como inteligência artificial e análise de dados podem ajudar a formular políticas públicas personalizadas, levando em consideração as necessidades e circunstâncias individuais de cada população. Da mesma forma, a saúde digital pode gerar grandes volumes de dados. Eles podem ser usados para entender melhor as desigualdades em saúde e desenvolver estratégias para abordá-las.
Isso pode ajudar a abordar a inequidade na saúde, garantindo que cada comunidade e cada paciente receba o tipo e o nível de cuidado de que precisa.
Melhoria da qualidade dos cuidados com redução de custos
A saúde digital pode ajudar a melhorar a qualidade dos cuidados, permitindo um monitoramento mais eficaz dos pacientes, melhor coordenação do atendimento e detecção mais rápida de problemas de saúde.
Com isso, a saúde digital pode reduzir os custos de saúde, tornando os cuidados de saúde mais acessíveis para as populações de baixa renda. Na saúde pública, a otimização dos custos permite alocar mais recursos na melhoria da rede, visto que as operações de manutenção do sistema ficará mais barata.
Uma barreira invisível: a falta de acesso à educação médica continuada de qualidade
A educação médica continuada (EMC) desempenha um papel crucial na promoção da equidade em saúde. A medicina é um campo em constante evolução, com novas descobertas e diretrizes sendo constantemente publicadas.
Para garantir a equidade para os pacientes, é essencial que os profissionais de saúde tenha acesso à atualização técnica de qualidade. As comunidades online têm o potencial de desempenhar um papel importante na oferta de EMC de qualidade. Elas podem tornar os recursos educacionais mais acessíveis para profissionais de saúde em regiões remotas, que, de outra forma, poderiam ter dificuldade em acessar oportunidades de aprendizado e treinamento.
Elas podem oferecer uma plataforma para webinars, cursos online, discussões em fóruns com especialistas e compartilhamento de recursos. Isso pode facilitar a aprendizagem colaborativa, permitir o compartilhamento de melhores práticas e promover o acesso a informações atualizadas e baseadas em evidências.
Além disso, a flexibilidade e a conveniência da educação online podem facilitar a participação em oportunidades de aprendizado, tornando a EMC mais acessível para profissionais de saúde ocupados.
No Brasil, a comunidade online CardioGram oferece gratuitamente aulas de atualização e discussão de casos com os maiores cardiologistas do Brasil, como o Dr. José Alencar (pioneiro em comunicação da medicina baseada em evidências no meio digital).
Isso ajuda a garantir que os médicos estejam atualizados sobre as melhores práticas, tratamentos e tecnologias. Isso pode resultar em melhores resultados para os pacientes e pode ajudar a reduzir as disparidades na saúde.
No entanto, para maximizar o impacto das comunidades online na EMC, é importante garantir que elas sejam bem gerenciadas, fáceis de usar e que os materiais educacionais sejam de alta qualidade e relevantes para as necessidades dos profissionais de saúde. É justamente essa a proposta do Cardiogram e de outras comunidades online gratuitas disponíveis no SD Conecta.
LANÇAMENTOS RECENTES
PODCAST #202 – DR. ANTÔNIO BUZAID E A QUALITY 24