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A escolha entre uma das especialidades médicas é um dos momentos mais desafiadores da nossa carreira, não é mesmo? Me lembro bem de quando terminei a faculdade e tinha ali uma lista com mais de 40 opções.

Você deve ter tido colegas mais decididos, que mantiveram a mesma escolha que falaram no primeiro período de faculdade. Entretanto, outros (a maioria dos casos, acredito eu) mudaram de decisão várias vezes. Também, não é incomum que muitos se arrependam da decisão já na residência médica. 

Mas o que mais tem me chamado atenção é a frequência de colegas (vários deles já com anos de prática em uma especialidade) que querem mudar de área. Também não é raro que vários médicos percebam que não se encaixam no rígido modelo das especialidades médicas e queiram se enveredar pelas inovações trazidas nos últimos anos, especialmente pela tecnologia. 

Há algo de errado nisso? Claro que não! O inconformismo é o motor da mudança. O que não vale a pena é gastar anos da sua vida fazendo o que não lhe traz mais satisfação. Então, vamos conversar sobre as especialidades médicas e o mundo médico além delas? Acompanhe o nosso post!

Quais são as principais áreas da Medicina?

A distinção mais comum entre as especialidades médicas é

  • clínica
  • cirúrgica

Para quem se identifica com ambas, há determinadas áreas que apresentam uma interface muito grande entre elas, como a ginecologia/obstetrícia, otorrinolaringologia e a anestesiologia. Essa classificação, entretanto, pode ser ampliada para áreas:

  • diagnósticas — radiologia e diagnóstico por imagem, patologia clínica/medicina laboratorial e anatomia patológica;
  • administrativas e de gestão em saúde, que são áreas de atuação em forte tendência de expansão de demanda para os médicos.

Veja quais são as 53 especialidades médicas. 

Especialidades sem pré-requisito

  1. Acupuntura 
  2. Anestesiologia
  3. Clínica Médica
  4. Cirurgia Geral
  5. Cirurgia Cardiovascular
  6. Dermatologia
  7. Genética Médica
  8. Ginecologia e Obstetrícia
  9. Homeopatia
  10. Infectologia
  11. Medicina de Família e Comunidade  
  12. Medicina de Emergência
  13. Medicina do Trabalho
  14. Medicina do Tráfego
  15. Medicina Esportiva  
  16. Medicina Física e Reabilitação
  17. Medicina Legal
  18. Medicina Nuclear
  19. Medicina Preventiva e Social
  20. Neurocirurgia
  21. Neurologia   
  22. Oftalmologia
  23. Ortopedia e Traumatologia
  24. Otorrinolaringologia
  25. Patologia
  26. Patologia Clínica/Medicina Laboratorial
  27. Pediatria 
  28. Psiquiatria 
  29. Radiologia e Diagnóstico por Imagem
  30. Radioterapia.

Especialidades com pré-requisito

Os requisitos são programas de cirurgia geral ou clínica médica. As que estiverem presentes nas duas listas aceitam ambas.

Clínica médica

  1. Alergia e Imunologia
  2. Angiologia
  3. Cancerologia/clínica
  4. Cardiologia
  5. Endocrinologia
  6. Endoscopia
  7. Gastroenterologia
  8. Geriatria
  9. Hematologia e Hemoterapia
  10. Nefrologia
  11. Nutrologia
  12. Pneumonia
  13. Reumatologia. 

Clínica cirúrgica/cirurgia geral

  1. Cirurgia Geral Programa avançado
  2. Cirurgia oncológica
  3. Cirurgia cardiovascular
  4. Cirurgia cabeça e pescoço
  5. Cirurgia do aparelho digestivo
  6. Cirurgia pediátrica
  7. Cirurgia Plástica
  8. Cirurgia Torácica
  9. Coloproctologia
  10. Nutrologia
  11. Urologia

Áreas de atuação

A formação médica também pode ser complementada pelos R3 ou R4, áreas de atuação dentro das especialidades médicas. Algumas, como administração médica, estão disponíveis para todos os especialistas. Outras apresentam pré-requisitos específicos. Se você ficar interessado em alguma delas, vale a pena pesquisar os programas de residência disponíveis:

  1. Administração em saúde
  2. Alergia e imunologia pediátrica
  3. Angiorradiologia e cirurgia endovascular
  4. Atendimento ao queimado
  5. Cardiologia pediátrica
  6. Cirurgia bariátrica
  7. Cirurgia crânio-maxilo-facial
  8. Cirurgia do trauma
  9. Cirurgia videolaparoscópica
  10. Citopatologia
  11. Densitometria óssea
  12. Dor
  13. Ecocardiografia
  14. Ecografia vascular com doppler
  15. Eletrofisiologia clínica invasiva
  16. Emergência pediátrica
  17. Endocrinologia pediátrica
  18. Endoscopia digestiva
  19. Endoscopia ginecológica
  20. Endoscopia respiratória
  21. Ergometria
  22. Estimulação cardíaca eletrônica implantável
  23. Foniatria
  24. Gastroenterologia pediátrica
  25. Hansenologia
  26. Hematologia e hemoterapia pediátrica
  27. Hemodinâmica e cardiologia intervencionista
  28. Hepatologia, que os pacientes conhecem como médico especialista em fígado
  29. Infectologia hospitalar
  30. Infectologia pediátrica
  31. Mamografia
  32. Medicina aeroespacial
  33. Medicina do adolescente
  34. Medicina do sono
  35. Medicina fetal
  36. Medicina intensiva pediátrica
  37. Medicina paliativa
  38. Medicina tropical
  39. Nefrologia pediátrica
  40. Neonatologia
  41. Neurofisiologia clínica
  42. Neurologia pediátrica
  43. Neurorradiologia
  44. Nutrição parenteral e enteral
  45. Nutrição parenteral e enteral pediátrica
  46. Nutrologia pediátrica
  47. Oncologia pediátrica
  48. Pneumologia pediátrica
  49. Psicogeriatria
  50. Psicoterapia
  51. Psiquiatria da infância e adolescência
  52. Psiquiatria forense
  53. Radiologia intervencionista e angiorradiologia
  54. Reprodução assistida
  55. Reumatologia pediátrica
  56. Sexologia
  57. Toxicologia médica
  58. Transplante de medula óssea
  59. Ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia

Especialização, residência e pós-graduação médica são sinônimos?

Essa é uma das grandes dúvidas dos médicos. Por isso, vamos explicar cada uma detalhadamente e falar quais delas darão direito ao Registro de Qualificação de Especialista. 

Especializações lato sensu

Podem ser de diversas áreas, inclusive da medicina. Devem durar, no mínimo, 360 horas com matérias teóricas e/ou práticas. Entretanto, o médico que conclui não conquista o direito de se denominar especialista na área. Caso você faça uma pós-graduação não relacionada a alguma especialidade médica, não haverá nenhum problema em divulgá-la. 

No entanto, nas atuais normas do Conselho Federal de Medicina, é vedado qualquer atitude que leva o paciente a crer que você tem uma especialidade se não tiver um RQE válido. É proibido até mesmo divulgar em materiais publicitários, carimbos ou cartões que você tem uma especialização lato sensu em uma área com especialidade médica e/ou área de atuação.

Elas são muito interessantes para médicos que querem sair da “caixinha” e apostar em áreas, como:

  • gestão em saúde;
  • gestão de negócios de saúde;
  • marketing médico;
  • tecnologias e transformação digital na medicina;
  • desenvolvimento de inovações em saúde. 

Residência médica

Esses são os programas que, por excelência, conferem o título de especialista ao médico. Eles contam com uma carga horária semanal extensa (60 horas/semana) com férias anual de 30 dias. 

A depender da especialidade, duram entre 2 e 5 anos. Depois disso, você poderá complementar a formação com outras especialidades com pré-requisito e/ou com áreas de atuação.  Aqui, é importante ressaltar que um médico não pode registrar duas especialidades ou áreas de atuação com o mesmo pré-requisito. 

Depois de concluir a residência em programas reconhecidos pelas sociedades de especialistas, você terá o direito de registrar a especialidade no CRM sem fazer prova de títulos. As provas de título são oferecidas pelas respectivas sociedades ou colégios de especialidades.

Especializações médicas ou pós-graduações médicas

São aqueles programas de especialização com um parecer positivo do Conselho Federal de Medicina ou das sociedades médicas. No entanto, também não dão direito automático ao RQE. 

Quando eles apresentam carga horária prática suficiente e são reconhecidos pelas sociedades de especialistas, a conclusão deles dará direito a prestar a prova de título. Se você for aprovado, poderá registrar o RQE. Por isso, sempre confira o website e os editais das sociedades de especialistas antes de se matricular em um curso.

Como a tecnologia tem transformado o trabalho em Medicina?

A telemedicina e a transformação digital da saúde (Healthcare 4.0) vem mudando a dinâmica das especialidades e trarão novas possibilidades dentro e fora delas.

Novas possibilidades de atuação

Existe vida além das especialidades médicas? Para aqueles colegas que se angustiam ao não ver caminhos satisfatórios no modelo tradicional de especialidade médica, tenho uma boa notícia: descobrimos um ecossistema vivo e diverso fora das residências, dos títulos e do RQE. A saúde digital trará novos campos de atuação para médicos e ampliará bastante o mercado:

  • empresas de tecnologia precisarão de médicos para que eles auxiliem o desenvolvimento de produtos, trazendo uma visão mais próxima e prática da jornada do médico, do paciente e dos diversos atores dos sistemas de saúde;
  • com as plataformas de cuidados ocupacionais ou populacionas por telemedicina, o médico do trabalho e o médico preventivo-social ganharão novas possibilidades de atuação;
  • pesquisa (acadêmica e corporativa) e desenvolvimento de técnicas/equipamentos para otimizar as teleconsultas, sensores, hardwares, softwares e dispositivos médicos;
  • o médico poderá atuar diretamente na criação de tecnologias de transformação digital, desde softwares de inteligência artificial até equipamentos de atenção quaternária conectados à rede (internet das coisas). 

Nova dinâmica das especialidades com a ampliação da telemedicina

A telemedicina, especialmente as teleconsultas, vão mudar significativamente a dinâmica das especialidades médicas:

  • ampliação do acesso — as barreiras regionais não serão mais um empecilho tão forte para o acesso a um especialista. Então, haverá uma ampliação do mercado com uma maior inserção de pacientes de cidades de médio e pequeno porte, além de comunidades menores;
  • maior concorrência — agora, você não poderá escolher uma especialidade pensando apenas que uma determinada região terá carência. Muitas vezes, sua concorrência será o Brasil todo. No entanto, se você investir na qualidade das suas teleconsultas, isso se tornará uma vantagem competitiva poderosa.

A telemedicina na hora de escolher uma especialidade

Todas as áreas da medicina vão se beneficiar, de alguma forma, da teleconsulta. No entanto, algumas certamente se adaptarão melhor em um primeiro momento por fatores, como:

  • menor dependência de exame físico presencial ou de equipamentos;
  • expectativa dos pacientes por atendimentos presenciais. 

Então, se as vantagens das teleconsultas (flexibilidade de horário, maior público e inovação nas formas de cuidado com o paciente) o atraírem, procure especialidades com maior potencial de se adaptarem rapidamente à saúde digital.

Quais são as especialidades médicas mais rentáveis?

De acordo com um levantamento do maior recrutadora digital do Brasil, a Catho, as áreas médicas com maior salário médio são:

Cirurgião plástico 18.564,06
Cirurgião 15.975,62
Ortopedista 14.353,50
Médico auditor sênior 9.909,01
Médico anestesista 9.849,27
Dermatologista 9.058,19
Hematologista 9.025,78
Mastologista 8.999,42
Oncologista 8.912,16
Colonoscopista 8.820,52
Médico radiologista 8.572,24
Oftalmologista 8.035,75
Otorrinolaringologista 7.975,02
Obstetra 7.845,54
Proctologista 7.845,54

Observe que a quarta profissão médica mais rentável não exige especialização médica tradicional. Na verdade, para ela, cursos lato sensu reconhecidos no mercado podem ser mais valiosos do que uma especialidade. 

Por tudo isso que conversamos, meus colegas, convido vocês a pensarem um pouco fora da caixa. Se sua especialidade atual não está trazendo satisfação, então não tenha medo de mudar para outra área.

Em um mundo cada vez mais competitivo e rápido, ser criativo é condição mandatória para o sucesso profissional. Por isso, faça com amor aquilo que te dê brilho nos olhos. O sucesso  também está na jornada e não somente na linha de chegada. Avante!

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