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Inteligência Artificial na Medicina: “Hype” ou Realidade?

Por Dr. Felipe Mesquita

Oncohematologista e Gerente Médico de Inovação da Fundação Cristiano Varella

Não podemos negar: a pandemia da COVID-19 colocou todos os holofotes sobre as deficiências dos Sistemas de Saúde e trouxe à tona, como grande salvadora do colapso assistencial, a famigerada Telemedicina. 

Adorada por uns, odiada por outros, o atendimento remoto por videoconferência ganhou força como uma das válvulas de escape para a prestação do cuidado em tempos de distanciamento social e de luta pelo esvaziamento dos Pronto-Atendimentos pelo mundo todo, na esperança de contenção do Sars-CoV-2. 

Em meio a debates regulatórios entre sociedades médicas, órgão federativos legislativos, usuários dos sistemas de saúde e a criação de diretrizes assistenciais, observamos ainda a popularização de assuntos “high-tech” antes reservados às mesas “geek” e profissionais da T.I. (Tecnologia da Informação). Vimos a ascensão do que chamamos Saúde Digital: termo que engloba a aplicação de tecnologias, primariamente do campo da informática e de telecomunicações no cuidado à saúde dos pacientes, conforme define o Professor Doutor Chao Lung Wen, do departamento de Telemedicina da USP-SP. 

Inteligência Artificial, ou I.A para os mais íntimos

Dentre os temas mais debatidos, encontra-se um que sempre me chamou a atenção: a Inteligência Artificial, ou I.A para os mais íntimos. Caso tenha reparado, o uso de termos apropriados da língua inglesa foram colocados de propósito no texto para chamar a atenção para outro fator determinístico: o “outburst” de novas tecnologias virá indubitavelmente acompanhado de termos da terra do Tio Sam e, portanto, é preciso que o médico domine cada vez mais essa roupagem de jargões. Muitas são as definições de Inteligência Artificial encontradas na literatura dada a dificuldade de conceituação. Me reservo aqui à definição apresentada pela Academy of Royal Medical Colleges do Reino Unido em relatório publicado em Janeiro/2019: 

– Inteligência Artificial engloba uma variedade de técnicas que permite que computadores performem tarefas tipicamente atribuídas a habilidades humanas de raciocínio e soluções de problemas” (texto traduzido do documento oficial).

O termo “Hype” utilizado no título do texto refere-se ao que é “moda” ou ao que é “supervalorizado”. De fato, acredito que há uma euforia (inclusive de minha parte) associada ao tema, dada a relevância e alto grau de impacto que essas disrupções podem assumir na universalização, redução de custos e aumento na qualidade do acesso à saúde. Deixaremos nessa coluna todas as assunções relacionadas à ficção científica que permeiam o imaginário popular com relação às máquinas assumindo o controle das instituições e escravizando o pobre ser humano em toda sua simplicidade. Abordaremos aqui o uso mais comum da I.A, ou seja, da “Narrow Artificial Inteligence”. Esse termo difere o uso restrito de aplicações para determinados fins pré-programados da “General Artificial Intelligence” que atribui às máquinas uma personificação ao estilo de “Exterminador do Futuro”. 

Inteligência Artificial na Medicina: “Hype” ou Realidade? – Aprendizado de Máquinas, Redes Neurais, Processamento de Linguagem Natural

Ainda, discorreremos sobre como o Aprendizado de Máquinas, Redes Neurais, Processamento de Linguagem Natural, Análise de Dados dentre tantos outros podem impactar na prática clínica do médico assistencialista e na medicina diagnóstica. Por exemplo, a empresa britânica de tecnologia DeepMind, adquirida pela Google em 2014, treinou um algoritmo para identificação de lesões retinianas com uma taxa de acurácia semelhante à de oftalmologistas experientes. Ferramentas de apoio à decisão clínica e chatbots para orientação remota são outras aplicações da I.A. em franco desenvolvimento. 

Porém nem tudo são flores no árduo percurso da implementação de novas tecnologias na atenção à saúde. Áreas muito reguladas tendem a ser mais resistentes na adoção de novos processos, principalmente aquelas que lidam com dados sensíveis, respeitando a anonimização das informações e responsabilidades jurídicas na tomada de decisão. 

Não obstante observamos ainda muita cautela e inabilidade por parte dos usuários no que tange à aceitação e entendimento das tecnologias e suas complexidades por trás do diagnóstico e do tratamento. Afinal de contas, é sua saúde que está em jogo. 

Inteligência Artificial na Medicina: “Hype” ou Realidade? – Para os protagonistas do presente

Desta forma, abordaremos também as limitações dos métodos e a importância do conhecimento de outros campos de estudo, como a estatística, programação e pesquisa clínica para os profissionais protagonistas do presente (Roubei essa de você hein, Lorenzo!). 

Um abraço e até a próxima, ano que vem!

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