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Um dos principais receios dos médicos em relação ao impacto da telemedicina é o comprometimento da qualidade do cuidado. É muito frequente que você ouça que os estudos, revisões sistemáticas e meta análises sobre esse tema não apresentam um desenho metodológico adequado.

Pois hoje, o Saúde Digital vai apresentar os resultados de um estudo atualizadíssimo, publicado em uma revista de alta relevância: o Journal of Telemedicine and Telecare (com Impact Factor de expressivos 6,184). Mais do que isso, essa revisão sistemática apresenta diversos daqueles critérios de boas práticas da medicina baseada em evidências. Quer entender melhor? Acompanhe nosso post!

O que esta nova evidência sobre telemedicina nos mostra?

Publicado em 29 de junho de 2019, a revisão sistemática “An overview of the effect of telehealth on mortality: A systematic review of meta-analyses” analisou 24 meta análises. Dentro dos princípios da medicina baseada em evidências, este estudo apresenta as seguintes vantagens:

  • Uma forma de avaliar esse impacto é observar desfechos clínicos diretos como a morbidade, a qualidade de vida e a mortalidade;
  • Todas as meta análises avaliadas no artigo apresentavam um grupo de comparação (telemedicina x tratamento usual). A pergunta PICO estava explicitamente expressa no artigo;
  • A qualidade dos dados das meta análises foi avaliada pelos critérios do checklist PICO, sendo enviado por um pesquisador independente cego.

O impacto da telemedicina nas diferentes especialidades

O impacto da telemedicina atinge diversas áreas. Veja o que o estudo traz sobre a cardiologia, a pneumologia, a neurologia, a obstetrícia e a medicina intensiva.

Cardiologia

Oito das treze meta análises mostraram um impacto significativo na estatística de redução da mortalidade por todas as causas em pacientes com insuficiência cardíaca em acompanhamento com alguma modalidade de telemedicina.

O mais importante: esses estudos apresentaram um grupo de comparação, que foi submetido ao tratamento usual. Assim, uma das críticas feitas em relação aos artigos sobre telemedicina, a falta de grupo controle, não se aplica aqui.

Outras três meta análises relataram uma redução do risco de mortalidade específica por insuficiência cardíaca em comparação com o tratamento usual.

Em outras palavras, o impacto foi inverso ao que muitos detratores da telemedicina alardeiam! Ela não piora a qualidade do cuidado, pelo contrário, pode melhorá-la, desde que aplicada com responsabilidade e sistematização.

Outros resultados interessantes encontrados em algumas meta análises foram:

  • redução na mortalidade por todas as causas com acompanhamento em longo prazo (≥ 12 meses);
  • taxas de hospitalização menores;
  • tempo de hospitalização reduzido;
  • redução do risco de mortalidade intra hospitalar de pacientes com IAM por meio de uma estratégia de laudo de ECG à distância.

Neurologia

As três meta análises avaliaram os serviços de tele-AVC em locais sem acesso a serviços especializados de neurologia ou cirurgia vascular. 

Assim, a avaliação clínica inicial era feita por uma equipe de atenção primária, sendo que as avaliações clínicas e/ou as imagens de pacientes com suspeita de AVC eram revisadas por um especialista na área. Com isso, a decisão de encaminhamento para trombólise era adiada até que o parecer especializado fosse emitido.

Os resultados indicaram que não houve nenhum impacto sobre a mortalidade quando em relação ao tratamento usual, em que os paciente eram encaminhados diretamente ao serviço especializado. Outros desfechos foram positivos, como a redução do tempo de início do tratamento e o tempo de internação hospitalar.

Pneumologia

Os estudos realizados com pacientes com DPOC acompanhados com telemonitoramento não mostraram nenhum impacto positivo para a mortalidade. Por sua vez, mostraram uma redução significativa das visitas ao pronto-socorro e das taxas de admissão hospitalar. 

Obstetrícia

Pacientes que realizaram o pré-natal por meio de teleconsultas e de telemonitoramento doméstico não tiveram uma mortalidade maior do que o grupo controle. A metanálise avaliada, contudo, mostrou uma redução no número de admissões em UTI em pacientes acompanhadas pela telemedicina. 

Medicina intensiva

As duas meta análises presentes na revisão sistemática mostraram que as teleconsultas por videoconferência e o telemonitoramento de sinais vitais reduziram a mortalidade na UTI. 

Isso demonstra que o impacto da telemedicina sobre a mortalidade tende a ser positivo para o paciente, reduzindo-a dentro das doenças e especialidades avaliadas nos estudos. Quando não se encontrou esse resultado, não houve piora na mortalidade, mas uma indiferença estatística. Contudo a telemedicina apresentava outros indicadores de otimização como redução da hospitalização e melhora da qualidade de vida.

Quer saber mais sobre a telemedicina e seus resultados? Confira nosso guia completo sobre o tema!

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