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Burnout médico na Pandemia do Covid-19:  a importância de um Chief Wellness Officer

Você já ouviu falar do Chief Wellness Officer (CWO), o diretor de bem-estar de uma organização? Provavelmente, essa é a primeira vez que você se depara com o termo, pois essa posição foi criada muito recentemente para combater o burnout médico. Assim como ocorreu com a telemedicina, a importância desse tipo de medicina apenas foi reconhecida a partir da pandemia de Covid-19 e os desafios que ela trouxe para a saúde física e mental dos profissionais da área, como você — médico.

Em maio deste ano, o periódico do New England Journal of Medicine voltado para as inovações em saúde, o Catalyst, publicou um artigo com as práticas e resultados do CWO.  Sabendo da importância desse tema, o Saúde Digital vai resumir os pontos-chave desse texto seminal e fazer uma análise crítica para que você possa implantar essas medidas na prática. Está curioso? Clique no link para ler na íntegra!

“O que” e “qual” é o papel do Chief Wellness Officer para combater o burnout médico na pandemia de Covid-19?

O chefe de bem-estar profissional será uma pessoa dedicada a estudar, planejar, executar, monitorar e melhorar as medidas preventivas e assistenciais relativas ao estresse e o adoecimento mental dos médicos durante as fases de resposta à pandemia. De acordo com Brower et al, 2021, algumas das suas atribuições são:

  • “Desempenhar um papel crítico na otimização da resposta organizacional para o bem-estar no local de trabalho durante uma crise”;
  • “Informar a equipe de liderança sobre quais serviços de suporte estão disponíveis e quais podem exigir desenvolvimento ou ampliação para abordar o bem-estar dos profissionais de saúde”;
  • “Garantir uma comunicação bidirecional, clara e transparente entre os profissionais de saúde e a liderança”;
  • “Garantir suporte, aconselhamento e consultoria imediatos, conforme necessário, para atender às necessidades de mudança da força de trabalho durante uma crise”;
  • “Atuar para integrar, aumentar, ampliar e coordenar todos os serviços de suporte e recursos de bem-estar de várias entidades em toda a organização”;
  • “Ajudar a orientar e aumentar a eficácia dos líderes executivos e de linha de frente”;
  • “Facilitar a fase de recuperação de cura e reconstrução com a resolução da crise”.

As fases da pandemia e o bem-estar médico

Os epidemiologistas e infectologistas americanos subdividem as ondas de uma pandemia em 4 fases:

  • Pré-pico — preparação dos serviços de saúde e da comunidade para o crescimento de infecções e hospitalizações;
  • Pico — crescimento acelerado das infecções e das hospitalizações;
  • Achatamento da curva — há uma estabilização do número de novas infecções, ou seja, não há nem piora nem queda significativa nos indicadores;
  • Pós-pico — quando há uma queda substancial nos indicadores de novas infecções e hospitalizações.

Muito se fala sobre o planejamento e a execução das medidas para controlar o número de novos casos nessas fases, mas um assunto essencial é geralmente negligenciado: o bem-estar do profissional de saúde.

Ele não é importante apenas para aqueles que estão na linha de frente, mas para todo o sistema ou serviço de saúde. Afinal, é essencial para manter a qualidade da prática profissional. Com níveis elevados de estresse e sobrecarga, as equipes médicas podem:

  • cometer mais erros;
  • perder a produtividade;
  • apresentar menos empatia pelo paciente;
  • ter maiores taxas de absenteísmo e afastamento por doença, entre outros problemas.

Os modelos de estresse médico durante desastres e pandemias

O artigo discute que é essencial que os serviços utilizem modelos de evolução do estresse das equipes de saúde. Para isso, eles trazem duas sugestões (Brower et al, 2021):

Stress Continuum Model, do Corpo de Marinheiros dos EUA

Esse modelo propõe que o estresse é um continuum, intensificando-se à medida que os desafios se tornam maiores e a capacidade de resolubilidade diminui. Portanto, apesar de uma equipe estar inicialmente muito motivada, o CWO deve prever que, na medida que surgem os eventos estressores, haverá uma evolução natural para estágios mais graves de comprometimento do bem-estar. Entenda:

  • Prontidão — “bem-estar e funcionalidade das equipes em nível ótimo”;
  • Reação — “perda de funcionalidade e nível de estresse leves ou transitórios”;
  • Lesão — “perda de funcionalidade e nível de estresses mais graves e persistentes”;
  • Doença — “surgimento de desordens psíquicas clínicas ou ausência de recuperação das lesões de estresse”. 

O modelo também propõe medidas para reduzir o risco de evolução para estágios mais graves do continuum de estresse, como pode ser observado na seguinte tabela:

Portanto, caso nenhuma medida seja feita para prevenir e dar suporte aos profissionais, a prontidão e a reação deles à pandemia se tornará uma lesão. 

Modelo dos estágios da resposta emocional a desastres da Substance Abuse and Mental Health Services Administration (SAMHSA)

Ele prevê que os profissionais de saúde começam em um estágio de motivação elevado, com um forte desejo de impactar positivamente. Com isso, adotam expectativas de performance interna e externa que nem sempre são sustentáveis a longo prazo.

Com o estresse laboral naturalmente alto na resposta aos desastres, há uma desilusão intensa, que demanda um tempo de recuperação. As fases são:

  • Pré-desastre;
  • Estágio de impacto;
  • Estágio heroico;
  • Estágio de lua de mel;
  • Estágio de desilusão;
  • Estágio de reconstrução e recuperação.

Cada membro da equipe, de acordo com suas condições de resiliência, terá uma evolução individual nesse continuum. 

Modelo de resposta ao burnout médico: os sete C’s do suporte psicológico 

Veja o modelo proposto por Brower et al. (2021) para evitar o burnout dos profissionais de saúde:

  1. “Checagem — Identifique e avalie a equipe observando, ouvindo e procurando por sintomas e perda de funcionamento que podem responder melhor aos outros seis C’s.
  2. Coordenação — Obtenha ajuda adicional ou encaminhamento para a equipe conforme necessário, incluindo suporte para necessidades básicas e / ou cuidados especializados de saúde mental.
  3. Cobertura — Leve a equipe para um local seguro o mais rápido possível, porque a sensação de segurança é essencial para manter uma conversa confidencial e controlar a ansiedade.
  4. Calma — Ajude a equipe a relaxar, desacelerar e voltar a se concentrar para reduzir a ansiedade, a culpa, a vergonha, a tristeza e os distúrbios do sono.
  5. Conexão — Ajude a equipe a obter apoio de outras pessoas para combater a sensação de isolamento.
  6. Competência — Restaure o senso de eficácia da equipe, ajudando-os a recorrer a estratégias de enfrentamento que usaram com sucesso, no passado, para lidar com o sofrimento;
  7. Confiança Aumente a auto-estima, a autocompaixão e a esperança”.

Os serviços de saúde precisam adotar uma postura inovadora em relação ao bem-estar das suas equipes médicas durante e depois da pandemia de Covid-19. Isso será essencial tanto para os indivíduos, com menor risco de burnout do médico, quanto para as organizações. Estas poderão obter maiores taxas de produtividade, de retenção de talentos, de satisfação do staff e dos pacientes, de redução dos erros médicos entre outras. Não deixe de ler o artigo neste link!

Quer saber mais sobre o burnout médico e como ele pode ser reduzido pelas tecnologias digitais? Confira o nosso post sobre o tema!

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